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Polícia Civil pede arquivamento de caso envolvendo morte de paciente em Morrinhos

A Polícia Civil de Goiás concluiu o inquérito sobre a morte de Luiz Cláudio Dias, 59 anos, ocorrida em 18 de fevereiro, no Hospital Municipal de Morrinhos, e solicitou o arquivamento do caso. O paciente, que estava internado há três dias para tratamento de problemas renais, sofreu um surto psicótico, fez uma técnica de enfermagem refém na UTI e foi morto a tiros por um policial militar durante a ação de resgate. A família de Luiz Cláudio contesta a versão apresentada pela Polícia Militar (PM) e questiona a conduta dos agentes.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, o pedido de arquivamento foi baseado na conclusão de que o policial agiu em legítima defesa para proteger a vida da refém. O relatório destaca que a técnica de enfermagem corria risco iminente de morte e que o uso da arma de fogo foi a única alternativa para conter a situação. A equipe da PM não estava equipada com uma arma de choque (taser), que poderia ter sido utilizada para imobilizar o paciente sem o uso de força letal.

O inquérito foi encaminhado à 2ª Promotoria de Justiça de Morrinhos, que terá 15 dias para decidir se aceita o pedido de arquivamento ou se denuncia o policial militar envolvido. Caso o Ministério Público concorde com o arquivamento, o caso será encerrado.

O que aconteceu no hospital?

No dia do incidente, Luiz Cláudio Dias, que estava internado para tratamento de complicações renais, teria sofrido um surto psicótico. Ele quebrou uma janela da UTI e usou um pedaço de vidro para ameaçar a técnica de enfermagem, mantendo-a como refém. A Polícia Militar foi acionada e tentou negociar com o paciente, mas, segundo os agentes, ele permaneceu agressivo e tentou ferir a refém. Diante da escalada da situação, um policial disparou contra Luiz Cláudio, que foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. A técnica de enfermagem saiu ilesa fisicamente, mas ficou emocionalmente abalada.

Família contesta versão da PM

O filho de Luiz Cláudio, Luiz Henrique Dias, contestou a ação da Polícia Militar, afirmando que o pai já estava contido no momento em que foi baleado. Ele sugeriu que a agitação do paciente pode ter sido causada por um quadro de hipoglicemia, que não teria sido tratado adequadamente pela equipe médica. Além disso, a família criticou a falta de comunicação do hospital, que não os informou sobre o ocorrido na madrugada do dia 18. Eles só souberam da morte de Luiz Cláudio por meio de vídeos vazados nas redes sociais, antes de qualquer contato oficial.

Mais Goiás entrou em contato com Luiz Henrique para obter um posicionamento da família, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.

PM promete equipar viaturas com armas de choque

Após o incidente, o comandante-geral da Polícia Militar de Goiás, coronel Marcelo Granja, anunciou que todas as viaturas em serviço no estado serão equipadas com Dispositivos Eletrônicos de Controle (CEC), popularmente conhecidos como tasers, até abril deste ano. Ele explicou que, no caso de Morrinhos, a primeira equipe que chegou ao local não estava com o equipamento, e a situação evoluiu rapidamente, exigindo o uso de uma arma letal.

“Infelizmente, a pistola de choque estava a caminho, e o policial teve que agir com a arma letal. Mas posso garantir que, em breve, todo policial em serviço em Goiás terá à disposição o taser, um equipamento menos letal para situações como essa”, afirmou o coronel em entrevista ao Mais Goiás.

Investigação e repercussão

O caso gerou grande repercussão na cidade de Morrinhos e levantou debates sobre a necessidade de melhorar o treinamento e o equipamento das forças de segurança, especialmente em situações que envolvem pessoas em crise psicológica ou médica. Enquanto a Polícia Civil defende a ação do policial como necessária para salvar a vida da refém, a família de Luiz Cláudio busca respostas e justiça, questionando se o uso da força letal era realmente inevitável.

A decisão final sobre o arquivamento do caso agora está nas mãos do Ministério Público, que analisará as evidências e decidirá os próximos passos.

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